domingo, 7 de agosto de 2011

Curiosidades

É costume se ouvir expressões que aparentemente não fazem muito sentido. A história traz surpresas reveladas pela sabedoria popular e hoje vamos falar um pouco delas. Quem já andou pela Zona Oeste do Rio de Janeiro, no acesso a Guaratiba deve ter se deparado com indicações à Ilha de Guaratiba. E todos se espantam em chegar ao local e não conseguirem encontrar ilha alguma. Por que então se chama a região de Ilha de Guaratiba? Ocorre que quando aquela área foi demarcada, o dono de toda a região era um inglês de nome William. Os moradores locais não conseguiam pronunciar William e passaram a chamá-lo de “ilha”, denominação que se estendeu aos domínios do britânico e perdura até hoje. Assim, a Ilha de Guaratiba na verdade é o William de Guaratiba.
Outra definição sem lógica é a criança ter “bicho carpinteiro”. Basta que o pequeno seja mais agitado que alguém diz que ele está com “bicho carpinteiro”. Mas que tipo de animal teria essa virtude de trabalhar com madeira? Um inseto da família dos cupins ou um roedor da linhagem do castor? Que ramo da zoologia responderia a dúvida? O que viria a ser isso? Na verdade a ideia é a de se traduzir a inquietação infantil pelo fato dela possuir “bicho pelo corpo inteiro”. Com o tempo as palavras se fundiram e o bicho pelo corpo inteiro virou bicho carpinteiro.
E quem ainda não ouviu que o menino é tão parecido com o pai que é o dito cujo “cuspido e escarrado”. Trata-se de algo escatológico, de interpretação ilógica, cujo sentido precisou de uma pesquisa mais aprofundada. Após algumas verificações se chegou à conclusão que o linguajar popular alterara bastante a frase original. A semelhança entre duas pessoas usava a perfeição do padrão das antigas esculturas italianas. Assim, quando alguém se parecia muito com outro se traduzia a identidade como “esculpido em Carrara”, numa referência ao mármore famoso daquela cidade da Itália. O tempo passou e o “esculpido em Carrara” sofreu a metamorfose para “cuspido e escarrado”.
E a inesquecível música de Gilberto Gil, “Aquele abraço”, que se refere a Realengo, bairro do Rio de Janeiro, saberia explicar a origem do nome desse subúrbio carioca? Como surgiu uma palavra tão diferente? A explicação é muito simples e vem do período do Império. Naquela época o Rio era dividido em Engenhos cuja denominação era a mais variada possível. Engenho da Rainha, Engenho de Dentro, Engenho Novo, Engenho Velho, Real Engenho. Quando os bondes tomaram conta da cidade, a descrição do bairro no letreiro do transporte precisou ser abreviada. Reduziu-se Real Engenho a Real Engº. O povo começou a ler tudo junto e o resultado foi Realengo. Pronto, foi o suficiente para o bairro mudar de nome.
Há muitas outras curiosidades do mesmo nível. Mas o espaço do blog não permite discorrer sobre todos.

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