domingo, 11 de setembro de 2011

Ecos de felicidade

Estou aqui curtindo os ecos do meu aniversário ontem, escutando um velho LP, “O sonho” do Egberto Gismonti, presente do meu irmão André. Ainda saboreando a querida confraternização junto à família, registro repetido em qualquer circunstância, me divirto com as imagens que permanecem nítidas em minha mente. Costume cuja lembrança trago desde a minha mais tenra infância, habituamo-nos a comemorar as datas marcantes, festejando com intensidade, aproveitando esse tempo tão escasso que dispomos por aqui. Olhando ao meu redor, vi mãe, tias e tios septuagenários, alegremente embalados pelas recordações felizes de momentos vividos em conjunto. O Grande Arquiteto do Universo me concedeu a dádiva de receber inúmeros contatos de prezados amigos e de reunir em minha homenagem outros tão amados, transformando em especialíssimo um dia comum qual outro dos trezentos e sessenta e quatro restantes do ano que iniciei ontem. As inconfundíveis gargalhadas da minha mãe traduzem a atmosfera festiva e a informalidade pairando no ar. A cumplicidade no olhar amoroso da minha querida mulher, o carinho dos meus filhos, a fraternidade extremada do meu irmão, o aconchego dos mais velhos, a atenção de todos, enfim. Até meu grande amigo Marco chegou da China para me abraçar, depois de trinta e oito horas de viagem, em contraponto ao Rogério “Sagüi” Campello, meu vizinho tão próximo, antigo parceiro do Santo Inácio. Em torno da mesa brindamos à minha saúde, formulando o desejo simples de uma longa e feliz existência. Ao mesmo tempo trata-se de uma complexa trama com o destino, dissimulado contratante de acordos descumpridos. Costuramos cláusulas de harmonia e bem estar permanentes sem disfarçarmos a preocupação com a incerteza de que sejam honradas. Diz o escorregadio signatário que contratos existem para preservar direitos quando do descumprimento. Só nos resta lamentar a observação lastreada pela mais sincera das verdades, contando com a força de nossas preces que isso demore a ocorrer. Para isso precisamos dispor da melhor maneira do prazo concedido, degustando com plena satisfação os goles e porções dessa vida única e prazerosa. O brilho intenso nos olhos, a chama acesa no peito, os afetos acolhidos, os beijos, os abraços, as demonstrações de afeição, explícitas ou implícitas, pequenos tijolos de uma enorme construção. Orgulho-me dos que me cercam de amor, das flores tão diversas em perfume e cor, semeadas em meu canteiro pelas mãos da providência e regadas pela água da vida. Aroma da minha caminhada, moldura dos meus cenários, gratificação do meu plantio, esse heterogêneo jardim pacifica a minha alma e enche os meus olhos de beleza. Mesmo os espinhos, que na colheita eventualmente ferem os meus dedos, valorizam as rosas encimadas em suas hastes. Estou refeito, reenergizado, reabastecido, pronto para mais uma jornada. Hoje, ao acordar desse sonho maravilhoso, olhei para as flores mais próximas e agradeci por estar vivo para enxergá-las mais uma vez. A música agora é a maravilhosa “Pêndulo”, fina ironia. Além do perfume perene, ouço os ecos da felicidade. Destino, muito obrigado. Amo viver.

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