Os desígnios do destino estão
agressivos nas escolhas de quem me rodeia. Seria hipócrita não aceitar que o
espetáculo abre e fecha cortinas todos os dias, não importa o horário, o humor
e a capacidade de aplaudir, chorar ou rir. Tudo bem. Tenho plena consciência disso
desde que me entendo por gente. Mas, os Cavaleiros do Apocalipse têm cavalgado
nessa direção com muita voracidade, com uma insaciável sede de beber mais e mais,
numa volúpia avassaladora. Em pouco mais de um ano, em especial nos últimos
meses, arrebataram personagens importantes da minha vida, ignorando as regras
da faixa etária, da predileção, enfim, do perfil a se adotar.
Agora foi a Nena, de uma forma
abrupta, mais do que inesperada, ceifando sua família de uma esposa querida,
mãe dedicada, esteio de marido e filho inconsoláveis com toda a razão. As
sutilezas dessa partida começam com uma vinda minha ao Rio na última quarta-feira,
para comparecer a uma audiência que acabou adiada para maio. Na quinta-feira
reagendei meus compromissos para aproveitar minha estada por aqui, quando fui
colhido de surpresa pela informação de um mal súbito que acometera a Nena. Daí
para o desfecho foi necessário pouco mais de um dia. Portanto, vim para me
despedir dela. Em Belo Horizonte estava mais distante, agora ficou muito mais.
Conheci a Maria José, Nena para
os mais próximos, há alguns anos. Tive o privilégio de contratá-la para ser uma
nova colaboradora na empresa e com o tempo ela passou a ser minha amiga. Não desfrutamos
de um convívio maior fora do trabalho, embora mesmo à distância observasse uma
mulher de muita fibra. Coração de uma família modesta e feliz, ela conseguiu
estruturá-la de maneira exemplar. Trabalhando com dedicação e dividindo o seu
tempo com os familiares, sempre soube contornar seus problemas com sabedoria.
De honestidade e fidelidade a toda prova, bondade, sensibilidade e generosidade
incomuns, contagiava a todos com sua fé e seu otimismo. Possuía uma
palavra amiga para todas as dificuldades. Contudo, o seu coração enorme
fraquejou de repente e ela nos privou de suas virtudes.
P.S.: Embora não professássemos a mesma fé, escolhi um vídeo de música gospel. Cântico da sua religião, seu gosto musical em sua fé inabalável. Estou certo lhe agradaria ouvir agora.
Sábias palavras meu amigo.
ResponderExcluirDemais Xandu...
ResponderExcluir"Desde a véspera, à noite, a natureza choveu as lágrimas de sua perda. O sábado amanheceu cinzento e acabrunhado."
ResponderExcluirLinda sua foram de trasmitir a tristeza e a melancolia de uma perda.
Correção: Linda sua forma de ....
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