sábado, 17 de novembro de 2012

Ponto Ômega




Nos últimos duzentos anos a expectativa de vida de homens e mulheres dobrou de quarenta para oitenta anos. Pelo ritmo das pesquisas a morte um dia será coisa do passado. Por enquanto ainda vigora a lei de que tudo tem seu momento para se desintegrar, inclusive nossas células, passando da ordem para a desordem. Inexiste imunidade contra o que se define como entropia e por essa razão morremos todos. A ciência busca reverter o caos e já se chegou a resultados interessantes.
A biotecnologia do rejuvenescimento quer garantir a alegria da juventude, num paradisíaco verão interminável. Ao isolarem no DNA os genes RAS2 e SCHP, cientistas bloquearam o envelhecimento e a morte das células. Através dessas experiências aumentaram muito a expectativa de vida de camundongos. Do ponto de vista científico, a semelhança entre eles e nós se aproxima de 90%. O grande desafio dos pesquisadores é nos manter jovens sempre, ao invés de nos preservar a velhice. Na fila da esperança os candidatos se valem da suspensão criônica, em geral confundida com a criogenia.
Na comunidade científica há quem assegure que o exponencial desenvolvimento do conhecimento humano aproximará a inteligência artificial do cognitivo natural. Projetam o ápice desse aperfeiçoamento num chamado Ponto Ômega, uma espécie de energia pura, quando alcançaríamos o nível máximo de consciência. A perfeição nos levaria a uma tríade Humanidade/Deus/Universo. Trocaríamos a dúvida atual se poderíamos viver para sempre pelo questionamento se deveríamos viver para sempre.
Se e quando isso ocorrer, outros valores substituiriam os estabelecidos pela mortalidade, seja nos relacionamentos amorosos, na ascendência e na descendência familiar, nas carreiras profissionais. Tudo precisaria de uma profunda reavaliação. Talvez por isso desde a mitologia mais remota os deuses invejem nossa finitude e alguns deles até tenham escolhido viver como reles mortais.

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