segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Imagens fugazes



Vivemos num ritmo desenfreado, supondo buscar a felicidade. Se pudéssemos materializá-la, ela seria a paisagem emoldurada pela janela de um trem-bala. No início da viagem conseguimos perceber alguma coisa. À medida que a velocidade aumenta, enxergamos apenas borrões. Voltamos a ver com nitidez somente ao nos aproximarmos da estação de destino. Não havendo como retroceder, as cenas ficam no passado e de maneira inapelável o percurso chega ao fim. 

Nossos dias se repetem num moto contínuo e muitas vezes sequer desfrutamos das melhores paisagens nas janelas dos vagões da vida. Meros passageiros, transitórios ocupantes de um lugar permitido, nos preocupamos com o destino e deixamos de usufruir da jornada. Ainda que a física quântica explique a dualidade dos fótons, os mistérios de nossa existência requerem esclarecimentos mais simples. Parece que, de repente, inspirar e expirar por instinto se transforma em algo insuficiente. Precisamos de maior aprofundamento.

As doses homeopáticas da sabedoria nem sempre pingam em nossos olhos as gotas do colírio da clarividência. Com as vistas congestionadas pela poeira da ignorância, a visão embaçada pela imprecisão das imagens, nos resignamos a não enxergar e seguimos em frente. Sem a beleza das formas e seu colorido mais exuberante, nos acostumamos com um mundo desfocado e monocromático. Isso tudo sob a alegação de estarmos perseguindo a felicidade. Exceto os felizes de verdade, resta a maioria entristecida pela conclusão tardia do engano cometido.

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