domingo, 4 de dezembro de 2011

O tempo seria ilusório?



Segundo Isaac Newton, “o tempo é uma ilusão produzida pelos nossos estados de consciência à medida em que caminhamos através da duração eterna”. Einstein, com a sua Teoria da Relatividade, redimensionou a definição de tempo e de espaço, vinculando a fenômenos psicológicos as figuras de passado, presente e futuro. A vida segue seu rumo inexorável com ou sem eles. Com base em complexas teorias científicas da física quântica, outros defendem esse conceito, partindo da premissa de que o universo, ou o multiverso, seja estático.
A pesquisa incessante de dimensões desconhecidas, da relação espaço-tempo, confere ao tema uma aura de realidade impensável numa primeira análise. Precisamos nos aprofundar em avaliações diferentes das usuais para conjecturar possibilidade tão perturbadora. Afora os cérebros mais preparados para as contradições extremas, os QIs diferenciados, os estudiosos de toda uma vida, a mente normal tem dificuldade de conceber ideias conflitantes com os nossos fundamentos primordiais. O tempo jamais me pareceu única e exclusivamente uma reles medida, uma limitação, uma variável componente de nossas matrizes. Ele fez parte integrante da minha existência de forma inalienável, quando o percebi ou não. Muitas vezes volátil, ele passou sem que eu sentisse, noutras se arrastou modorrento, submetendo minhas aflições a torturas atrozes.
Presente em todas as situações independentemente da cronologia, é verdade, misturo os momentos mais e mais no olhar difuso da vivência. Quase não posso distinguir com exatidão o remoto do porvir, tal o distanciamento. Nem mesmo o hoje se concretiza, pois os fatos ocorrem sem distinção. Tudo acontece, tudo muda, não necessariamente com o tempo. Ele pode apenas rotular, estabelecido um padrão a pontuar o percurso. Mudamos de aparência sob a ótica pouco observadora dos ingênuos ou seríamos outros elementos de uma evolução despercebida? Temos muito mais em comum com o atual do que com o que fomos, nos assemelhamos mais com estranhos do que com as nossas formas anteriores. Pensamos e nos comportamos de acordo com o molde da experiência adquirida, excludentes dos descartes e perfeccionistas do processo.
A abstração do quando requer um esforço de lógica, uma isenção de modelos, um aprimoramento da percepção. Envoltos nos mistérios da mente não prospectada, prosseguimos conscientes do moto contínuo e inconscientes do contexto. A certeza da falência dos conceitos básicos da natureza humana se assenhora de todos num piscar de olhos, no descortinar de novas descobertas, na convicção de que muito há a entender ainda. Quem sabe o direito de ir e vir seja muito mais fundamental do que alguns passos errantes numa dimensão restrita? Sem pós nem pré-conceitos, sem pós nem pré-posições, a resposta talvez não esteja num desde ou num após, mas no ante.

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