sábado, 13 de abril de 2013

O fim do mundo





Nada melhor do que um dia após o outro. A Terra suporta suplícios século após século, pagando o preço do desenvolvimento imposto pela humanidade. O homem, sequioso de mais e mais, mesmo quando dispensável, ignora os princípios fundamentais da sobrevivência, se não a dele em particular, da raça em geral. Os descaminhos passam pelo uso desequilibrado das fontes de energia, da água que bebemos, do solo em que plantamos, do ar que respiramos.
Impotente diante dos ataques irresponsáveis sofridos, o planeta azul se contorce nos estertores das mudanças. A fúria da natureza aumenta de maneira gradativa e implacável, devolvendo aos agressores as torturas de tanto tempo. As tempestades, no mar, na terra e no ar, devastam cidades grandes, médias ou pequenas, deixando um rastro de destruição com jeito de retaliação. Longe de atacar sem motivo, a orbe reage como um colossal animal acuado, lutando para manter o restante de suas forças.
As catástrofes naturais ocorridas em diversas partes do mundo, os extremos do clima, as convulsões cataclísmicas sinalizam com insistência mais frequente. As vítimas aumentam, mas falta reflexão e revisão de atitudes. Pouco se muda nas rotinas industriais, no comportamento individual e nos hábitos coletivos. Segue a vida com a certeza inabalável de que tudo é eterno enquanto dura, de que o nosso fim sempre estará mais próximo do que o das demais coisas a nos cercarem.
Um dia a casa cairá, ninguém sabe quando. Portanto, todos blefamos, geração após geração, lavando as mãos na suposição de ter um jogo mais forte. A Terra, jogadora experiente, chora lágrimas quase tão secas quanto o leito dos rios maltratados. Revolve suas entranhas e expulsa uma acidez perversa, num refluxo ameaçador qual a lava do Etna. Lá na Sicília, com um poder maior do que a máfia, o vulcão mais alto da Europa avisa ao despertar. Aliás, tem despertado mais e em menor intervalo, colocando em alerta a população local e outras centros no entorno, dificultando a circulação por rodovias e aerovias.
As convulsões deixaram de ser apenas econômicas, políticas, religiosas e sociais. As guerras santas, ideológicas ou raciais sucumbirão aos efeitos de uma eclosão telúrica, verdadeiro arrastão de causas naturais. Ainda que as placas tectônicas e as manifestações da crosta terrestre independam, a princípio, das mesmas origens, respondem com a voz rouca do desagravo.  Das cinzas não renascerá um novo habitat.  Por parecer perdida essa luta, devemos nos resignar à espera do último round. Ou não?   

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