Me diga o dia e a hora exata em que nasceu o grande amor entre você e eu, vou consultar no céu o nosso mapa astral e a influência do ascendente universal. Assim começa um dos meus sambas do Bloco da Barata de Costazul/Rio das Ostras. Depois de quase uma década de carnavais na Marquês de Sapucaí e quase outra na região dos Lagos, pensei ter deixado o reino de Momo. Até que em 2005, quando o futebol aos sábados no Montanha ainda contava com a minha
bissexta participação, ocorreu o inesperado. Depois do violento esporte bretão, era de lei a resenha acompanhada de cerveja gelada e dos tira-gostos do Bar da Dona Maria na Rua Garibaldi, ali
na Muda. Além da simpatia da D. Maria e da rabugice do seu filho Zezinho, não raro dividíamos o espaço com o Moacyr Luz e com o Aldir Blanc,
frequentadores assíduos e moradores da área. Até que, às vésperas de um
Carnaval, circulou um prospecto falando do novo enredo do bloco “Nem Muda nem
sai de cima” para a escolha do samba-enredo.
O tema era o aniversário de dez anos do bloco e uma homenagem ao artista plástico Mello Menezes, autor, dentre outras obras, de várias capas de LPs da MPB. A rapaziada do futebol cismou que eu tinha que participar e, quase obrigado, entrei na disputa. Chamei o meu irmão Marcão, parceiraço de todas as horas, ele cantarolou uma melodia e eu coloquei a letra no samba. Passamos nas classificatórias na sede do América F.C. e chegamos à final. A Rua Garibaldi estava tomada de gente de todas as tribos. Jovens e velhos, jurados do mundo do samba, intérpretes amadores ou semiprofissionais, vendedores ambulantes, muvuca generalizada e o cavaco gemeu. Uma noite de verão de céu estrelado e muito calor, tipicamente carioca. O cenário perfeito para uma escolha de samba de bloco de rua.
Depois das apresentações, do voto dos jurados e do voto popular, o suspense da contagem dos votos até a explosão da nossa alegria: o nosso samba venceu e aí não deu mais para conter a emoção. Muita comemoração e alegria pela vitória que não nos valia nada além do prazer de ter os meus versos cantados pelo povo durante o desfile quinze dias depois. E isso era muito, considerando a multidão atrás do bloco cuja madrinha Beth Carvalho compareceu para prestigiar. Walter Alfaiate, Nelson Sargento e outros mitos do samba carioca assinaram na minha camisa de compositor.
Ao meu lado no desfile, batendo com categoria num tamborim, um inacreditável Aldir Blanc. Perto de mim o Moacyr Luz. Todos me cumprimentaram pelo samba e eu me sentia um verdadeiro sambista de raiz. Um dia inesquecível, cercado pela minha mulher, meus filhos, minha mãe, meus amigos que ajudaram a ter a composição escolhida. Uma história para contar para os netos e compartilhar com vocês, como faço agora. O personagem principal, o samba, não poderia faltar nesse texto de sábado de Carnaval. Portanto, Gabriel da Muda, chora cavaco:
O tema era o aniversário de dez anos do bloco e uma homenagem ao artista plástico Mello Menezes, autor, dentre outras obras, de várias capas de LPs da MPB. A rapaziada do futebol cismou que eu tinha que participar e, quase obrigado, entrei na disputa. Chamei o meu irmão Marcão, parceiraço de todas as horas, ele cantarolou uma melodia e eu coloquei a letra no samba. Passamos nas classificatórias na sede do América F.C. e chegamos à final. A Rua Garibaldi estava tomada de gente de todas as tribos. Jovens e velhos, jurados do mundo do samba, intérpretes amadores ou semiprofissionais, vendedores ambulantes, muvuca generalizada e o cavaco gemeu. Uma noite de verão de céu estrelado e muito calor, tipicamente carioca. O cenário perfeito para uma escolha de samba de bloco de rua.
Depois das apresentações, do voto dos jurados e do voto popular, o suspense da contagem dos votos até a explosão da nossa alegria: o nosso samba venceu e aí não deu mais para conter a emoção. Muita comemoração e alegria pela vitória que não nos valia nada além do prazer de ter os meus versos cantados pelo povo durante o desfile quinze dias depois. E isso era muito, considerando a multidão atrás do bloco cuja madrinha Beth Carvalho compareceu para prestigiar. Walter Alfaiate, Nelson Sargento e outros mitos do samba carioca assinaram na minha camisa de compositor.
Ao meu lado no desfile, batendo com categoria num tamborim, um inacreditável Aldir Blanc. Perto de mim o Moacyr Luz. Todos me cumprimentaram pelo samba e eu me sentia um verdadeiro sambista de raiz. Um dia inesquecível, cercado pela minha mulher, meus filhos, minha mãe, meus amigos que ajudaram a ter a composição escolhida. Uma história para contar para os netos e compartilhar com vocês, como faço agora. O personagem principal, o samba, não poderia faltar nesse texto de sábado de Carnaval. Portanto, Gabriel da Muda, chora cavaco:
Amor
por favor não reclama,
a
folia me chama, já é Carnaval.
É
tempo de rever amigos,
amores
antigos, etc e tal.
Eu
bebo na fonte dos bambas,
nas
rodas de samba no Dona Maria.
Lugar
do batuque na mesa
e um
gingar de princesa que a alma arrepia.
Mas
fique tranquila querida,
eu
volto pra casa ao raiar do dia.
Não
mudo de amor, nem muda você,
Chega
na hora o couro come e ninguém vê!
NEM
MUDA eu já vou, levo o meu tamborim,
O
coração vai bater forte até o fim!
Mistura
a aquarela o artista,
pintou
o passista na evolução.
Imagens
o Mello Menezes
criou
tantas vezes com inspiração.
O sol
que eu trago no peito
me
deixa de um jeito que chego a brilhar!
É Luz
de Moacyr e Pixinga,
de
Aldir e de Guinga,
de
Elis vou lembrar!
NEM
MUDA NEM SAI DE CIMA
dez
anos fazendo a Tijuca sambar.
Não
mudo de amor, nem muda você,
Chega
na hora o couro come e ninguém vê!
NEM
MUDA eu já vou, levo o meu tamborim,
O
coração vai bater forte até o fim!
Ô amor! Amor por favor não reclama ...
Mais um talento para a sua vasta coleção...
ResponderExcluirNão tem como apreciarmos a composição com letra e música?
Meu grande amigo, procurei até na internet, mas não encontrei registro de áudio nem de vídeo do desfile nem da escolha do samba. Só achei desfiles mais recentes do bloco. Garanto que a melodia é belíssima e valorizou a minha letra.
ResponderExcluirTem que achar o samba cantado Alexandre.
ResponderExcluirSeria uma injstiça se o samba não fosse o escolhido. Lembro perfeitamente da festa na sede do Mequinha.
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