segunda-feira, 23 de abril de 2012

Crença na ciência



A amplitude da internet, em sua dinâmica avassaladora, mistura afirmativas desconcertantes da comunidade científica com a notícia da ida de um famoso médium brasileiro para consultas na Europa e nos EUA. Continua sendo individual e democrática a inalienável responsabilidade pela escolha da leitura da temática. A persistência dos cientistas na investigação de seus questionamentos nos proporciona surpresas e supera as descobertas. Ultrapassam, por assim dizer, os óbvios benefícios de suas relevantes contribuições para a humanidade. O aprofundar permanente em cada interrogação possibilita alterar conceitos, muitas vezes crenças bem antigas, destruindo rótulos dogmáticos. As revelações se multiplicam e somos obrigados a rever fundamentos transcendentais, deixando a impressão de que não restará pedra sobre pedra. A título de exemplo, a criação do universo, ou do multiverso conforme a moderna conceituação define, encontrou resposta na ciência, através de uma causa sustentada por um processo físico tão simples como a aceleração de partículas ou a combustão espontânea. De maneira objetiva vemos derrubadas traduções teológicas, via explicações lastreadas pelo conhecimento adquirido ao longo de pesquisas exaustivas. Os cientistas rejeitam definições simplistas, indiscutíveis somente pela determinação de quem as profere. Eles requerem comprovação pela observação sistemática, pela repetição de eventos, pela reprodução de situações cogitadas, pela experiência vivida ou projetada. Jamais lhes basta apenas o despotismo da afirmativa incontestável. Assim caem por terra argumentos seculares, até então amparados pela fé inabalável em verdades absolutas. Nem o Big Bang escapou, obrigando as exigências da certeza ao estudo incansável sobre o assunto. A comodidade da recorrência impulsionou a maior parte da humanidade a transferir para outros desígnios os ditames de sua existência. Atribuir o inexplicável às forças divinas foi o que sempre restou a quem ignora, uma vez vencido o limite do seu alcance cognitivo. Os tempos são outros e a inexorável marcha dos acontecimentos atropelou as tábuas da salvação. Os experimentos descortinaram a realidade e os homens passaram a enxergar com cada vez mais nitidez nas escalas macro e micro. O benefício da dúvida deixou de representar um aliado da ditadura religiosa, pois as respostas convincentes esclareceram as mentes em conflito. Estamos dia a dia mais próximos de chegar ao âmago das mais complexas questões de nossas vidas. O entrelaçamento dos conceitos “quem, de onde, para onde” lembra a sinapse dos neurônios, cuja interação remete à física quântica. Ao contrário de peças de dominó que se derrubam em sequência justapostas no mesmo hemisfério, já se sabe que há comunicação entre pontos separados do cérebro. Capacita entendimentos mais plenos e definitivos esse conjunto de estímulos interligados numa rede de 1,4 kg da mais refinada amostra do nosso corpo. Esse ainda é o mistério a desvendar, mas há progresso nesse tema. Alma e consciência, antes meros tabus, viraram foco de análise minuciosa por verdadeiros exploradores do conhecimento. Hoje se pesquisam com profundidade fenômenos vivenciados na quase morte e outras teorias polêmicas. Em nome do bom senso, acabaram as teses tratadas como pontes transpondo a lógica para chegar a conotações de cunho religioso forçado. A perspectiva de busca ilimitada nas mais variadas fontes do ciberespaço, com o devido filtro da inteligência analítica, viabiliza um campo inesgotável de acúmulo de informações. Diante de uma quase perplexidade dos mais informados, cabe perguntar se estamos preparados para a verdade ou se preferimos permanecer enganados pelo misticismo da vã esperança.  

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