terça-feira, 20 de março de 2012

Casa vazia



Esse quatro já foi seis,
o destino desatina.
Pois em breve vira três,
sairá minha menina.
A casa não aumentou,
mas perdeu a primazia.
Parece que se espaçou,
tanta ausência a esvazia.
Corredores alongados
entre paredes distantes,
tetos mal enxergados,
pisos não derrapantes.
Sussurros só em janelas,
sopro de todos os ventos,
ruído no lavar de panelas
apenas em pensamentos.
Velhas novas esquinas
de antigas reuniões,
silentes como ruínas,
gritantes recordações.
Passos pesados, perdidos,
o tempo indo embora,
fogem dos deprimidos,
buscam a vida lá fora.
Badaladas de horas cheias,
um toque na meia volta,
lembram cantos de sereias,
reunidas como escolta.
Dias teimosos passando,
sol a nascer e se por.
Histórias se recriando,
novos casos de amor.    
Recupero as impressões
nos registros de família,
em sorrisos, expressões,
cada peça de mobília.
No resgatar de vestígios
vejo sombras do passado,
meus acordos e litígios
num diário empoeirado.
A faxina bem recorrente,
a limpeza do dia a dia,
fazemos na alma doente,
na mente quase vazia.

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