Um dos confrontos mais cruciais
do ser humano se dá com ele mesmo. A procura pelas opções mais adequadas exige plena
autonomia, detendo o controle da situação. Sempre aspirei pela verdadeira
liberdade, pelo livre arbítrio, pela autonomia de decisão. Mesmo estando fora
da prisão, os homens não podem se considerar tão livres. Há outras formas de
aprisionamento, restrições pessoais de ordens diversas, grilhões que pesam na
alma e na mente muito mais do que no corpo. A certeza da liberdade vem com as
opções independentes, alternativas escolhidas sem a pressão de outros
interesses. Precisamos fazer escolhas pela vida inteira, das mais simples às
mais complexas. Elas se balizam por circunstâncias diversas, mas em geral
sofrem influências externas. Muitos preferem chamar essas interferências de
variáveis incontroláveis, embora o controle das decisões jamais deixe de ser de
cada um. Inobstante suas consequências, nossos atos nos pertencem de forma
indelegável. A coragem de enfrentar os reflexos de nossas atitudes se
dimensiona pela independência no rumo a seguir. Em geral as pessoas se submetem
a tendências, a padrões, a modismos, a caprichos, a imposições, enfim, a
ditames desvinculados de suas necessidades específicas. Fora as demandas
estranhas, o ser humano segue fluxos impróprios, atendendo a exigências
consumistas ou a equivalências sociais. Em virtude dessas impropriedades, o
exercício da individualidade fica relegado ao enésimo plano. Abre-se mão de um
destino simples e feliz em busca da angústia de uma existência atribulada,
pontuada pelo sofrimento, pelo estresse, pelo querer mais e mais. Não raro há
um desequilíbrio quando se chega ao clímax dessa vertiginosa e incessante
procura pela felicidade artificial. São os perversos questionamentos após
alcançarmos sucessos efêmeros de alto custo humano ou as dores da corrosão de
nossa essência depois de tantos resultados positivos em longo prazo. O âmago
dessas questões nos remete a porquês sem resposta, a um dilema entre a
realização de projetos e a alegria de viver. Quão livres seriam aqueles que
pautam suas existências pelo status e pela ilusão? Vivemos para satisfazer análises
alheias ou para usufruir a plenitude dos momentos marcantes? Bastante incomum,
a certeza de olhar para trás concluindo pelo melhor trajeto se reflete no bem
estar, na paz consigo mesmo. Ao contrário, o vazio toma conta daqueles cujos
objetivos materiais se concretizaram em detrimento de uma vivência plena com
aqueles que amamos. Essa inegociável liberdade se confere aos espíritos mais
nobres, dotados de conteúdo valioso sem a opulência dos rebuscados papéis de
presente. O seu passado proveitoso e o seu futuro promissor, ambos regidos pela
consciência tranquila, têm ainda mais valia. É quando podemos nos considerar
efetivamente livres, por gozarmos da verdadeira liberdade.
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