Vivemos num ritmo desenfreado, supondo buscar
a felicidade. Se pudéssemos materializá-la, ela seria a paisagem emoldurada
pela janela de um trem-bala. No início da viagem conseguimos perceber alguma
coisa. À medida que a velocidade aumenta, enxergamos apenas borrões. Voltamos a
ver com nitidez somente ao nos aproximarmos da estação de destino. Não havendo
como retroceder, as cenas ficam no passado e de maneira inapelável o percurso
chega ao fim.
Nossos dias se repetem num moto
contínuo e muitas vezes sequer desfrutamos das melhores paisagens nas janelas dos vagões da vida.
Meros passageiros, transitórios ocupantes de um lugar permitido, nos preocupamos
com o destino e deixamos de usufruir da jornada. Ainda que a física quântica explique
a dualidade dos fótons, os mistérios de nossa existência requerem esclarecimentos
mais simples. Parece que, de repente, inspirar e expirar por instinto se
transforma em algo insuficiente. Precisamos de maior aprofundamento.
As doses homeopáticas da
sabedoria nem sempre pingam em nossos olhos as gotas do colírio da
clarividência. Com as vistas congestionadas pela poeira da ignorância, a visão
embaçada pela imprecisão das imagens, nos resignamos a não enxergar e seguimos
em frente. Sem a beleza das formas e seu colorido mais exuberante, nos
acostumamos com um mundo desfocado e monocromático. Isso tudo sob a alegação de
estarmos perseguindo a felicidade. Exceto os felizes de verdade, resta a
maioria entristecida pela conclusão tardia do engano cometido.
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