A celebração da vida sempre faz
bem e na companhia de queridos amigos surte um efeito muito melhor. Ontem
à noite me desviei do rumo rotineiro e fui ao encontro de um grupo pelo qual
tenho um especial apreço. Os inacianos, além de me recordarem lembranças
felizes da infância/adolescência, renovam a minha alegria de viver com doses
fartas de amizade e carinho, com muito bom humor e grande descontração. Não
usufruo mais desses preciosos instantes por não possuir o dom da onipresença. Tenho
vontade de estar com todos ao mesmo tempo, capturar cada expressão de
felicidade, cada sorriso, cada observação sobre a história de nossas caminhadas
de ontem e de hoje. Então só me resta circular entre eles o máximo possível,
procurar a simpatia oferecida nos gestos simples e nos comentários entrecortados.
Numa frase aqui, num abraço mais adiante, no afago ao coração e na massagem do
ego, busco amalgamar os diferentes contextos numa essência apenas. Ela reúne as
virtudes e apaga os defeitos, disfarçando a tristeza pelo contato efêmero. Com a
mesma presença de espírito, projetamos naquele diminuto lapso de tempo o desejo
de uma reunião prolongada, se não por muitos dias ao menos sem hora para
terminar. Talvez por isso costuremos os retalhos dos papos paralelos numa
extensa colcha que nos cubra a todos. A sede do reencontro se mostra insaciável
e nos estimula a beber de todos os potes, sem exceção. Não se privilegia os
mais próximos nem os menos assíduos, a expectativa maior reside em permear o
conjunto completo de recordações e atualizações. As lacunas das ausências menos
equilibram o esforço pela abrangência plena e mais evidenciam a falta que
alguém faz. Quem comparece faz jus à troca de informações remotas e
recentíssimas na dinâmica frenética de um escambo permanente. Rimos como se os
minutos não escapassem, reduzindo as possibilidades de retomar um assunto
interrompido. Inesperada e sutilmente chega a hora de ir embora. As despedidas
se travestem de até breve mesmo com a sombra de um adeus maquiado de espaçamento
longo. Marionetes de uma rotina estressante, preferimos crer na conspiração do
destino, cujas linhas de controle nos colocarão no caminho dos demais. A
satisfação obtida com essa imagem nos amordaça e manieta, impedindo palavras
mais sinceras e cobranças realistas. E ao virarmos as costas já aguardamos com
ansiedade pela próxima vez, incomodados com a demora e com as chances perdidas.
Olhamos os estranhos, calamos a alma e endireitamos o passo. Vida que segue.
fala xandu voce como sempre um astro na escrita...obrigado pelas palavras tao bem escritas...
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