O telescópio Kepler, em suas buscas para a NASA, descobriu um novo planeta fora do Sistema Solar,
o Kepler 22B, com temperatura média de 21˚C,
distante 600 anos-luz de nós e com quase duas vezes e meia do tamanho da Terra. O ano de Kepler 22B dura 290 dias e ele
se encontra numa chamada zona habitável, em torno de uma estrela cujas temperaturas
são amenas, propiciando a existência de água e de vida. Ano passado foi
descoberto outro planeta habitável, o Gliese 581G. Àquela época, Steven Vogt, um dos
descobridores, declarou haver na Via Láctea 10% a 20% de estrelas
com planetas habitáveis em suas órbitas. Se procede a afirmativa de um
estudioso do assunto, e considerando a existência de centenas de bilhões de
estrelas, projetamos dezenas de bilhões de chances de não estarmos sós nessa
vastidão celeste. Cada vez mais instigante a ideia de que não estamos sozinhos
no multiverso. Aumenta a probabilidade de outras civilizações estarem nos
observando também.
Sempre que me deparo com essas análises, e o fiz muitas vezes, tendo a
me apequenar. Vou mergulhando na minha insignificância até o limite da
consciência, no mais longínquo local onde poderia estar um ente parecido
conosco, gigantesco ou microscópico. Embora possível, pois desconhecemos o
processo de colonização ocorrido, não necessariamente uma semelhança física.
Talvez nos assemelhemos mentalmente, na inteligência maior ou menor que a
evolução tenha permitido. E a comunicação, estabelecida através de códigos
sonoros ou mentalizados? Sabe-se lá o que acontece por aí, nessas vias
estelares mal sinalizadas e cheias de buracos negros. A única certeza
disponível se disfarça de presunção. Respiramos e expiramos automaticamente, oxigenando
a vontade de manter batendo no mesmo ritmo um coração apertado pelas perguntas
sem resposta. Na verdade nem precisamos desses porquês, nos bastam as motivações
com as quais nos entretemos toda a vida. Ou as julgamos insuficientes? Os que
já pensaram nisso conseguiram chegar a uma conclusão?
Enquanto isso vamos vivendo nossos problemas maiores ou menores,
questão de ponto de vista, de dioptria. Adiamos o problema de quando e como desvendaremos
tamanho mistério escondido na poeira das estrelas começando a ser descoberta debaixo
do tapete do Criador. E falando em pó, aquele do qual viemos e ao qual
voltaremos, faríamos parte de qual das escalas, da macro ou da micro? Um sopro de
plenos pulmões nos dispersaria em direções inimagináveis, eventualmente numa
seqüência de atritos ígneos. Percurso resplandecente incandescendo novos sóis,
em volta dos quais gravitariam novos mundos, outras vidas, luminosas civilizações.
Metáforas infinitesimais do conceito de viver, trilhões de pulgas hospedeiras de
um cachorro peludo que passeia nas esquinas do meu cérebro desde criança. Bilhões de estrelas, trilhões de cães, decilhões de dúvidas compartilhadas com um inconsciente
coletivo astronomicamente superior ao suposto por nós. Nessa troca permanente envolvendo
um número incomensurável de outros pensamentos, alimentamos a esperança de um
dia conhecer a chave do enigma supremo. Decifra-me ou te devoro.
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