Escrevi sobre as séries e houve repercussão. Muitos citaram os desenhos animados. A minha relação com eles começou nas matinês dos cinemas aos domingos, quando eu não perdia uma exibição do Festival Tom & Jerry. As divertidas escaramuças envolvendo o Tom, o Jerry, o Espeto, o Pimpão e o Biluca me faziam vibrar. A telona, em paralelo aos gibis, também me apresentou Mickey, Donald, Huguinho, Zezinho, Luizinho, Pateta, Pluto e todo aquele time de primeiríssima. A TV fez mais assíduos meus encontros com os dois grupos. E mais, me apresentou às loucuras de um pássaro, o Pica-Pau, e um coelho, o Pernalonga, que mais tarde incorporaria um pato doido, o Patolino. Os tresloucados personagens levavam ao desespero seus perseguidores. Enquanto isso, Popeye e Brutus se esmurravam pela Olívia e eu comia muito espinafre por conta das latinhas mágicas que fortaleciam o marinheiro. Zé Colméia e Catatau se entupiam de comer em chantagens aos visitantes do Parque Jellowstone ou despistando a vigilância do Guarda Smith para roubar as cestas de piquenique. O sensacional xerife Pepe Legal, por vezes travestido do justiceiro El Cabong, sempre ajudado pelo Babalu. Eles ainda se assessoravam de um hilário cachorro que fazia qualquer coisa em troca dos biscoitos caninos. A cada biscoito o cão flutuava e se contorcia em êxtase. A galera do Manda-Chuva, Bacana, Batatinha, Chuchu, Espeto, Gênio, todos contra o inocente Guarda Belo; “Ó querida, ó querida, ó querida Clementina” cantava o Dom Pixote, intérprete de múltiplos papéis, dentre os quais mais me agradava o incansável carteiro; Bob Pai e Bibo Filho, uma super-amorosa relação pai-filho; os Jetsons, projetando as novidades que o futuro traria, e os Flintstones com as soluções fantásticas para a vida da pré-história; o velocíssimo Papa-Léguas e seu “Bip Bip” martirizando o Coyote, mesmo com os inventos encomendados à ACME para pegar o pássaro; o Leão da montanha cheio de lábia; a Corrida Maluca e seus competidores impagáveis, como o Dick Vigarista e a risadinha do seu cachorro Muttley, a Penélope Charmosa, a Quadrilha de Morte, os irmãos Rocha, o Barão Vermelho, o Capitão Caverna; Wally Gator, o jacaré maluco; Maguila, o gorila embromador; Jambo e Ruivão, grandes parceiros, apesar de gato e cão; Plic, Ploc e Chuvisco, variação das disputas de Tom e Jerry; Olho Vivo e Faro Fino, os astutos detetives; Matraca Trica e Fofoquinha, no ártico; o hipopótamo Peter Potamus, intrépido balonista; Ricochete e Blau Blau, bons de mira; Tartaruga Touché e Dumdum, grandes espadachins; Lippy, o leão esperto, e Hardy, a hiena deprimida a repetir “ó vida, ó céus, ó existência ingrata”; Mosquete, Mosquito e Moscardo, os mosqueteiros do Rei; Johnny Quest, o precoce investigador; Thor, o rei do trovão; Namor, o príncipe submarino; o poderoso Hulk, o Homem de Ferro e o Capitão América, que viraram filmes modernos; Shazan, o gênio e o camelo Kaboopy; o poderoso Mightor, super-herói pré-histórico; o Super-Mouse, rato fortíssimo e voador; o Ligeirinho, ratinho mexicano chamado Speedy Gonzalez; o piloto de corrida Speed Racer. Inesgotáveis lembranças de inúmeras outras inesquecíveis criações, em especial de Joseph Hanna e William Barbera ou Walt Disney. Esses magos do desenho, verdadeiros gênios, foram os principais responsáveis por momentos de sonho de minha infância/adolescência. Propiciaram a milhões de pessoas uma felicidade duradoura até os dias de hoje, toda vez que se assiste um desenho animado daquela época. Rever aquelas obras de arte sempre que possível, além de me transportar a saborosos instantes do passado, melhora meu humor e reenergiza os dias do presente, suavizando o futuro.